“Um mundo aparentemente intocado pelo extraordinário, até ao momento em que uma catarse emerge, um invasor: é Natércio, e o esboço de um sonho: é Estela. A partir daqui desenrola-se um jogo, de duplo significado, entre a alucinação individual e o real. Ao mesmo tempo que desvendam o seu estatuto social e o seu papel familiar, projectam os seus desejos e fantasias, os seus traumas e medos, as suas máscaras.”
(Luís Filipe Ferreira)
Como disse um amigo, “às vezes anda-se às voltas para se dizer coisas muito simples”. Foi com essa sensação que fiquei quando acabou a peça. Parece que se quer fazer de uma coisa simples algo complicado. Mas, não há dúvida que é de louvar o esforço destes artistas em fazer, agir. Gostei bastante das interpretações.
Gostei das interpretações. Foram os actores que deram alguma coesão ao texto. A peça parecia-me muito fragmentada, unida apenas por pastilha elástica mascada que eram os excessivos palavrões. A explicação da peça, as citações de fontes de inspiração, o design e a originalidade do programa pareceram-me mais interessantes que a peça em si. É como se a palavra escrita (e que gostei) perdesse o rumo ao ser falada. Como uma história para contar aos miúdos. Com pouca densidade... mesmo assim, valeu a pena. Para além da companhia e do facto de ser no Sá da Bandeira (adoro aquela escadaria), é sempre bom assistir a alguma coisa de diferente daquilo a que estamos habituados. Ver uma peça, mesmo que não nos encha as medidas, nunca pode ser infrutífera. É como um livro: por pior que seja, tem sempre uma utilidade. Por mais pequena que possa ser.
ResponderEliminarNem mais. É e foi precisamente isso que penso e pensei (à excepção da beleza da escadaria ;)
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